segunda-feira, 1 de abril de 2013

DE MICROFONE NA MÃO

Tarde de sábado, parado no sinal, o rapaz de jaleco amarelo tenta vender a Gazeta do Povo de domingo. Pergunto-me, quem ainda compra jornal, todas as notícias estão na internet, basta abrir os sites e a história do mundo é contada em todos os idiomas, do Brasil com todos os sotaques. Quem sabe para entender uma fofoca da terra, um disse me disse da província, só pode ser.

Tarde de sábado de ouvido no radinho. Petraglia fala à rádio CAP, coloca à torcida rubro-negra os reais motivos dos aumentos no custo da Arena da Baixada – inflação de três anos, custos extras com meses a mais de obra que deveria estar sendo entregue na semana que passou –, reage justamente contra a coluna de jornalista da Gazeta do Povo, cáustica ao colocar como razão do acréscimo no orçamento a utilização do teto retrátil.

Tarde de sábado, ainda de ouvido no radinho. Ouço as entrevistas com os meninos do Atlético, entendo a pressa da entrevista do treinador, ansioso para pegar o voo e certamente passar a Páscoa com a família, e troco para a Banda B, para ouvir o que o craque da camisa oito tem a falar. Por quê?

Caio na área do fofoqueiro de plantão, um tal Osmar Antônio, fuxicando sobre a interferência do presidente Petraglia sobre a ação do treinador durante a partida. Não vou condenar a crítica. Condeno a forma. O fofoqueiro conduz um perguntório de novela das sete, “e daí, o que ele disse”, “mas falou mesmo”, “desse jeito”, e vai enredando o repórter de campo, constrói escada perigosa onde o velho Sicupa sobe e, infelizmente, cai do terceiro degrau. Velho quando cai é um perigo.

Por trás do jornalista, se assim o é, está o inimigo com ódio, que perde a noção do real exercício da profissão e destilando seus venenos procura atacar desafetos, destruir ambientes, em momento de comemoração de importante resultado rubro-negro. Termina a encenação deprimente com a suspeita do afastamento do treinador, visto saindo rapidamente por portão do time visitante. Como tivemos por tanto tempo esse rapaz sem limites dentro do CT do Caju.

Domingo à noite, na poltrona da sala. Trocando canais, caio em canal de política, onde deputado paranaense lamenta a falta de comunicação entre o Governador do Estado e o Senador Requião, o ex-Governador responsável pela negativa de empréstimo de 635 milhões para o Paraná. Vivemos na terra dos ódios profundos, onde os interesses do povo são lançados no escanteio, o que vale é a briga pessoal, a destruição do inimigo criado na discussão da esquina.

O atleticano tem que estar atento a tudo que lê, vê e ouve. Não é para ficar como aquela trinca de macacos com as mãos sobre os olhos, boca e ouvidos. É obrigação se informar, mas ser cuidadoso com a informação disponível. No faroeste que se estabeleceu em Curitiba, ler, reler, entender, se faz necessário. São cobras demais, com espaço demais.

No país em que o Partido Comunista ainda existe – talvez o último do planeta – e apresenta na sua propaganda doces vovozinhos esquecidos dos sequestros de avião, dos atos terroristas, do justiçamento de companheiros, dos assaltos a banco, proclamando-se socialistas de carteirinha, a mentira está à solta, é bom cuidar para não cair em armadilha sorrateira, ser espetado por estaca afiada armada na direção de coração inocente, por habilidoso terrorista a dedilhar teclados venenosos, travestido de Maria Fofoca, de microfone na mão.

 

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