Tarde de sábado de ouvido no radinho. Petraglia fala à rádio CAP, coloca
à torcida rubro-negra os reais motivos dos aumentos no custo da Arena da
Baixada – inflação de três anos, custos extras com meses a mais de obra que
deveria estar sendo entregue na semana que passou –, reage justamente contra a
coluna de jornalista da Gazeta do Povo, cáustica ao colocar como razão do acréscimo
no orçamento a utilização do teto retrátil.
Tarde de sábado, ainda de ouvido no radinho. Ouço as entrevistas com os
meninos do Atlético, entendo a pressa da entrevista do treinador, ansioso para
pegar o voo e certamente passar a Páscoa com a família, e troco para a Banda B,
para ouvir o que o craque da camisa oito tem a falar. Por quê?
Caio na área do fofoqueiro de plantão, um tal Osmar Antônio, fuxicando
sobre a interferência do presidente Petraglia sobre a ação do treinador durante
a partida. Não vou condenar a crítica. Condeno a forma. O fofoqueiro conduz um
perguntório de novela das sete, “e daí, o que ele disse”, “mas falou mesmo”, “desse
jeito”, e vai enredando o repórter de campo, constrói escada perigosa onde o
velho Sicupa sobe e, infelizmente, cai do terceiro degrau. Velho quando cai é
um perigo.
Por trás do jornalista, se assim o é, está o inimigo com ódio, que perde
a noção do real exercício da profissão e destilando seus venenos procura atacar
desafetos, destruir ambientes, em momento de comemoração de importante
resultado rubro-negro. Termina a encenação deprimente com a suspeita do afastamento
do treinador, visto saindo rapidamente por portão do time visitante. Como
tivemos por tanto tempo esse rapaz sem limites dentro do CT do Caju.
Domingo à noite, na poltrona da sala. Trocando canais, caio em canal de
política, onde deputado paranaense lamenta a falta de comunicação entre o
Governador do Estado e o Senador Requião, o ex-Governador responsável pela
negativa de empréstimo de 635 milhões para o Paraná. Vivemos na terra dos ódios
profundos, onde os interesses do povo são lançados no escanteio, o que vale é a
briga pessoal, a destruição do inimigo criado na discussão da esquina.
O atleticano tem que estar atento a tudo que lê, vê e ouve. Não é para
ficar como aquela trinca de macacos com as mãos sobre os olhos, boca e ouvidos.
É obrigação se informar, mas ser cuidadoso com a informação disponível. No
faroeste que se estabeleceu em Curitiba, ler, reler, entender, se faz
necessário. São cobras demais, com espaço demais.
No país em que o Partido Comunista ainda existe – talvez o último do
planeta – e apresenta na sua propaganda doces vovozinhos esquecidos dos
sequestros de avião, dos atos terroristas, do justiçamento de companheiros, dos
assaltos a banco, proclamando-se socialistas de carteirinha, a mentira está à
solta, é bom cuidar para não cair em armadilha sorrateira, ser espetado por
estaca afiada armada na direção de coração inocente, por habilidoso terrorista
a dedilhar teclados venenosos, travestido de Maria Fofoca, de microfone na mão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário