Os três meses de treinamento não renderam muita coisa. Em nenhum momento
se viu o Atlético com o efetivo controle do jogo, fruto de boa organização, de
correta troca de passes, de eficiente desempenho coletivo, da veloz transição
para o ataque, da utilização de velhas jogadas ensaiadas de 2012 ou de qualquer
novidade tática surgida na longa pré-temporada.
O futebol coletivo foi tão desprovido de brilho que cheguei a anotar:
“33 minutos – CAP faz boa troca de passes pela direita”. Dei realce a lance que
deveria ser a tônica do desempenho da equipe.
Cinco minutos de presença no ataque garantiram o resultado. Final de
primeiro tempo, o Furacão chegou duas vezes pela direita, Jonas e Everton,
Marcelo acertou um belo chute de fora, três escanteios cobrados pela esquerda,
o último resultou na jogada do pênalti, falta clara sobre Everton. Elias bateu
e marcou.
Pensei cá comigo. Teremos um melhor segundo tempo, prevalecerá a nossa
preparação física, ótima chance para ganhar entrosamento, o Brasil sai para o
ataque, um bom contragolpe define o resultado desejado, vamos tocar a bola.
O gol de Elias bastou e foi só. Minhas expectativas não se
concretizaram. Repetindo o jogo lateral no meio de campo, sem a subida dos
laterais, errando passes longos e curtos, o Atlético não criou situações claras
de gol, finalizou uma vez de fora com perigo, Everton o autor da proeza, João
Paulo quase marcou aos 47 recebendo ótimo passe de Fran Mérida atrás do
zagueiro.
Um dedo de prosa sobre os 30 minutos de jogo de Fran Mérida. Tem visão
de jogo e sabe lançar longo na vertical do gol. É meia com gosto pela
assistência. Gostei. Marcação? Se ele fizer uma sombra já estou satisfeito.
Gostei de mais alguma coisa? Manoel e Luiz Alberto foram muito
eficientes. O Brasil só teve uma chance pelo meio do ataque, salva por ótima
saída de Weverton.
Perguntado qual a principal diferença do time atual para aquele que
subiu para a primeira divisão, diria sem muito pensar que a ação dos laterais,
encolhidos na defesa, com pouquíssima participação ofensiva, é o diferencial
maior entre passado e presente. O desdobramento do jogo não permitiu avaliação
honesta sobre a qualidade técnica de Jonas e Léo. Fica para a próxima.
Todo esse posicionamento defensivo, Everton foi muito mais marcador que
armador, o zero gol sofrido, pode ser responsabilizado pela vitória. Um gol
solitário garantiu o primeiro mata. Sacrificou o ataque, mas garantiu o placar.
Esta era partida de segurança, carregada de expectativas, uma derrota
teria consequências graves. O risco pode ter levado Nhô Drub a todas as
cautelas. Em entrevista anterior ao jogo, quase entendi o treinador prometendo
a volta no Janguito, antevendo o futuro.
A vitória magra não trouxe a alegria esperada, trouxe o alívio, o tempo
para treinar em paz, tempo para melhorar, e melhorar muito.
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