O amigo nada sabe da equipe atual do rubro-negro sulino, mas conhece bem
a torcida xavante – a maior e a mais fiel do interior gaúcho – e sabe que ela
vai incomodar uma barbaridade. O estádio Bento Freitas deverá ter a maior parte
dos seus 18 mil lugares ocupados, a charanga fará pulsar o coração das
arquibancadas.
O atleticano sabe que um grupo bem formado, vestido em vermelho e preto
e tocado por torcida entusiasmada é capaz de dar um trabalho danado.
O Atlético que segue para o Rio Grande tem que saber do clima do jogo a
enfrentar. Bobeou, acreditou ser a última bolacha do pacote, toma um susto,
volta para virar resultado na pequenez do Janguito.
Se o Furacão que viaja fosse o que venceu o torneio espanhol no distante
fevereiro, vibrante, marcador, forte na defesa, eficiente no ataque, eu estaria
mais confiante. Acontece que de lá para cá muita coisa mudou.
Cleberson foi para o departamento médico, a defesa sofreu três
modificações em relação ao time que subiu para a série A. Os dois laterais são
recém-chegados, Bruno Costa parece ser o substituto do menino lesionado. Essa
defesa nos últimos jogos-treinos sofreu média de dois gols por partida, o
ataque ficou no gol solitário em cada jogo. Um desequilíbrio desconfortável.
O ataque em dificuldades pouco se modificou, a escalação de quarta-feira
terá, a meu ver, no máximo uma cara nova. De qualquer forma, pelas disparidades
de orçamento e condições de treinamento, deve ser capaz de fazer os dois gols
de diferença que anularão a possibilidade da partida de volta. Digo isso com
pouca confiança.
A Copa do Brasil é a competição das surpresas. Times grandes sofrem nas
primeiras rodadas, alguns são eliminados, fruto de tropeço irrecuperável em
plagas distantes, vítimas de elencos menos valiosos, supermotivados.
O Furacão não pode correr riscos. Tem que mandar na partida, ouvir o
grito de “rubro-negro” vindo das arquibancadas e encarar como seu, ser embalado
pela charanga xavante e jogar por música, fazer valer os meses de treinamento
no CT do Caju.
Os últimos maus resultados devem ser esquecidos, a torcida estará de
olho na Fox, assistindo o jogo, o time invisível, tornar-se-á visível. Que
surpresa nos trará essa ansiada visibilidade? Um time forte, combativo, pronto
para enfrentar mais um ano de durezas, ou algo ainda em preparação, claudicante,
amparado na falta de ritmo, na perna pesada, em todas essas desculpas que me
tiram o sono. Vamos ver, e o melhor de tudo é realmente isso, finalmente vamos
ver.
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