A chuva cai copiosa sobre a Sapucaí. A baiana vem rodopiando e
capota como caminhão em ladeira. Solução para o problema? Teto retrátil. A Liga
das Escolas de Samba do Rio de Janeiro tem que contatar o mais rápido possível
o nosso Petraglia, providenciar a cobertura da rua famosa, acabar com o
desmilinguir de penas caríssimas, o furar dos surdos, o fim das cuícas, o pavor
dos passistas.
Acaba o problema com São Pedro e corre-se o risco dos carros
engastalharem no teto deslizante, o destaque ficar pendurado na estrutura,
necessário um rapel para descer Cleópatra agarrada em tubos, parte do
insuperável enredo “de como a víbora do Nilo pôs fim ao amor de César e Marco
Antônio no esplendor da Sapucaí”.
Para manter a harmonia, Cleópatra deslizará rapel abaixo remexendo
as cadeiras, movendo os braços como figura de mural hindu, os dentes
branqueados de véspera mostrando sorriso que encobre o terror apavorante.
Pezinhos no chão, a serelepe rainha sapateará como gato em chapa quente, o
Coliseu aplaudirá em pé, a câmera indiscreta pegará a lágrima furtiva do
desdentado torcedor.
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