domingo, 4 de setembro de 2011

RECEITA DO MILAGRE

Fiquei com vergonha.
Quando o jogo acabou e os jogadores do Grêmio foram afagar os atleticanos, passar a mão na cabeça, abraçar, com pena, fiquei com vergonha. Goleamos um bando de coitados era o sentimento tricolor. Nada pior do que ser visto como um coitado. Fiquei com vergonha.
Senhores, salvo milagre, estamos na segunda divisão, é bom acostumar com o novo cenário. Joguei a toalha?
Não. Acredito em milagres, só acho que nossos jogadores não têm brio para realizar o prodígio. Os antigos diziam: “menino, a gente ter que ter brio, ficar com a cara em brasa, roxa de vergonha e reagir”. Nossos principais jogadores, os que tinham que jogar, não têm brio.
Quando você questiona por que Cleber Santana, Madson, Wagner Diniz, Kleberson e outros jogadores com algum passado não tinham lugar em seus times de origem, suas atuações no Atlético escancaram suas performances ridículas, sem erros graves, mas sem qualquer proveito objetivo para a equipe. São umas nulidades.
Observe-se Cleber Santana. Recebe a bola, desvia do adversário e passa com precisão. Só. Nada mais. Uma marcação eficiente sobre o meia adversário, um passe longo deixando o atacante livre, passam-se jogos e não vejo. Objetivamente, nada faz. Por isso era reserva no São Paulo, não tem coração para jogar, empurrar os companheiros, jogar-se ao ataque até obrigar a falta adversária. É um excelente burocrata passando carimbo na bola.
O Atlético está cheio dessas figuras.
Certo da segunda divisão – ressalvado o milagre –, chegou o momento de dar chance a quem quer suar a camisa, mostrar serviço, preparar o time para as durezas da série B. Cleber Santana, Madson, Diniz e outros, ao final do ano limparão seus armários e seguirão destino. Melhor dar-lhes o aviso prévio amanhã. Pague-se o salário e não se perca mais tempo.
O mesmo com os meninos do cajueiro que querem ir embora. Não está satisfeito. O Atlético já os revelou, já cumpriu seu papel nas suas vidas, que avisem e deixem espaço para quem ainda tem que mostrar futebol, mesmo que depois de cinco boas partidas já estejam de costas para o time que lhes deu vida, os olhos brilhando com as promessas de seus feitores.
O Atlético vai precisar de jogadores com fome de bola, que bafejem na nuca adversária, façam faltas, impossibilitem o adversário de jogar, deixem para o juiz decidir se foi ou não falta. Marcamos a cinco metros, deixamos jogar, permitimos que o assistente tenha liberdade para fazer o passe perfeito. Somos uma mãe na defesa.
No ataque, apanhamos sem qualquer proveito. Estamos sempre de costas para o gol, passando a bola para o meia, daí para o volante, para o zagueiro, para Renan Rocha. Somos covardes. Falta-nos coragem para a jogada individual decisiva. Permitam-me tirar Pablo desse rol. Não tremeu em momento algum. É dessa gente que precisamos. Marcinho acabou. É um salva canelas, outro que pouco erra, mas nada faz. Guerron nunca existiu.
Malucelli tem que dar carta branca para o Delegado fazer a faxina, subir os meninos, sem medo de queimá-los, os velhos estão queimando o Atlético sem dó nem piedade. Não quero amor à camisa, quero gente com objetivo na vida, com coragem para vencer.
Antônio Lopes tem que entender que o milagre só acontecerá com vitórias. O esquema a montar tem que privilegiar o ataque. Para isso deverá escalar atacantes de área, com força física superior e atacar. Avançar a defesa e pressionar os adversários na Baixada, no Engenhão em qualquer lugar. Só se conseguem os três pontos atacando sem medo, destruindo as jogadas adversárias ainda lá na frente, impedindo por todos os meios os armadores de jogar. Não tem outro jeito. Essa é a receita do milagre.  

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