sexta-feira, 2 de setembro de 2011

VOLTEI

Cheguei em casa após o jogo com o Galo e fui logo dizendo: “Não volto mais! Chega! Hoje foi a gota d’água!”. O que vi em campo me deixou desolado. Um time conduzido à derrota, substituições desastrosas, posicionamento perdedor desde o primeiro instante, um jeito de coisa proposital. Fosse eu o presidente rubro-negro, aos trinta do segundo tempo teria ido ao banco, demitido o Renato e assumido o controle da equipe.
Amanheci segunda-feira querendo ver no noticiário a demissão do gaúcho. Não encontrei. Rabisquei um rápido “Simplesmente Acabou” e esqueci o episódio lamentável, procurando dar ao coração o descanso indispensável.  O jogo arranhou minhas mais caras convicções atleticanas, alicerçadas em anos de arquibancada, a grande parte deles de sofrimento, mas de orgulho da raça demonstrada nas piores refregas.  
As imagens de Ricardo Gomes à beira do campo me assustaram. Por que arriscar-se ao mesmo fim se os procederes indicavam um grave desvio do caminho histórico do meu Furacão?
Tudo vale a pena, se a alma não é pequena, disse o poeta. A alma rubro-negra tinha se apequenado tanto, aviltado de tal maneira, que nada mais valia a pena.
Fugi das notícias, dos jogos gravados para observação posterior, recolhi-me à família, insultado pelos fatos. Amigo velho me informou do pedido de demissão do Renato. O treinador teve que se demitir, faltou ao presidente força para ensinar-lhe o caminho do aeroporto. Quem seria seu substituto?
Fui dormir vendo Carpegiani de volta ao leme e acordei com Antônio Lopes na direção da nau em sobressalto. Tenho pelo velho treinador grande admiração. Já ganhou tudo. Gosta do trabalho, tem aquele monte de rosários e santos indispensáveis para horas difíceis.
O Delegado vai ter que atacar, fazer Cleber Santana dar uma assistência, algo além de não perder a bola, mostrar categoria, obrigar Madson  a fugir dos congestionamentos, uma de suas predileções, alguém no ataque por a bola para dentro.
O soldado sabe que no momento do perigo extremo, quando a morte olha de frente, o companheiro de trincheira deve ser um homem honrado. Porque Antônio Lopes é um homem honrado, pelo prazer de pelear com honra, voltei.

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