Hoje levantei com vontade de ir ao jogo. Vontade, vontade, não
aquela quase obrigação de comparecer, bater o ponto, assumida sem receber
salário, e sim vital consequência do amor infante que adolesceu, quedou-se
adulto e não feneceu, pior, virou mortífera paixão imortal.
Nem sei o que me sacode o ânimo. Por certo não as chegadas de
Nikão, Eduardo, Rafinha, similares em futebol de genéricos, nem entrevistas em
que o potencial do grupo é exaltado, energia armazenada ainda discutível quanto
à sua transformação em movimento coletivo.
Sei que estou aceso. Já fui à gaveta das camisas, rebusquei
modelos e escolhi a amarelada vintage de listas horizontais, identificada com o
meu ardor de infância, em que economizava tostões para comprar o ingresso de
voz que ouvia sem enxergar o rosto, apenas o papelucho mínimo ofertado anunciando
vida atrás do buraco negro em que se escondia.
É um sentimento bom de fazer parte, de ser rubro-negro, sem
necessidade de esperança descabida, exigente apenas da raça que nos legou a
história. Hoje estou assim, sem pensar em craques, em ídolos, só vivendo a
emoção de ser Atlético, o time mágico sem eira nem beira que escolhi seguir,
hoje com eira e beira, ainda carente dos meus tostões e meu já rouco grito. Que
o tempo passe rápido e o crepúsculo ilumine meu caminho, e o teu caminho, rumo
à minha doce felicidade de menino.
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