sábado, 7 de março de 2015

DOCE FELICIDADE DE MENINO

Hoje levantei com vontade de ir ao jogo. Vontade, vontade, não aquela quase obrigação de comparecer, bater o ponto, assumida sem receber salário, e sim vital consequência do amor infante que adolesceu, quedou-se adulto e não feneceu, pior, virou mortífera paixão imortal.

Nem sei o que me sacode o ânimo. Por certo não as chegadas de Nikão, Eduardo, Rafinha, similares em futebol de genéricos, nem entrevistas em que o potencial do grupo é exaltado, energia armazenada ainda discutível quanto à sua transformação em movimento coletivo.

Sei que estou aceso. Já fui à gaveta das camisas, rebusquei modelos e escolhi a amarelada vintage de listas horizontais, identificada com o meu ardor de infância, em que economizava tostões para comprar o ingresso de voz que ouvia sem enxergar o rosto, apenas o papelucho mínimo ofertado anunciando vida atrás do buraco negro em que se escondia.

É um sentimento bom de fazer parte, de ser rubro-negro, sem necessidade de esperança descabida, exigente apenas da raça que nos legou a história. Hoje estou assim, sem pensar em craques, em ídolos, só vivendo a emoção de ser Atlético, o time mágico sem eira nem beira que escolhi seguir, hoje com eira e beira, ainda carente dos meus tostões e meu já rouco grito. Que o tempo passe rápido e o crepúsculo ilumine meu caminho, e o teu caminho, rumo à minha doce felicidade de menino.

Nenhum comentário:

Postar um comentário