A partida está acabando,
Marcos Guilherme vem marcar na lateral direita, a bola sai pelo lado e ele se
abaixa, bufa com a língua de fora. O piá correu mais que coelho de desenho
animado, voltou, marcou, atacou e conseguiu um chute entrando sobre Dedé, num dos
poucos lances de ataque do Atlético.
Agora vou imaginar, só
imaginar. O treinador chega para o menino, diz para ele vir buscar jogo, marcar
pela lateral, chegar ao ataque para finalizar, e ele, mesmo sabendo que seu
espaço é ali próximo da área, um atacante de terceira linha, julgando-se no
dever de cumprir as determinações, balança a cabeça positivamente, cumpre, se
estafa, e nada consegue.
É o problema de
trabalhar com time jovem. Eles querem jogar, fazem tudo para jogar. Quando
Zagalo disse ao Rivelino que o queria pela ponta esquerda em 70, o garoto do
parque questionou o treinador, avisou que pela ponta o Edu e o Paulo Cesar Caju
eram melhores do que ele, só entrava se pudesse jogar pelo meio, onde era o seu
habitat natural. O Riva era um craque rodado, não é o caso do Marquinhos.
Ouvi com atenção a
entrevista de fim de jogo de Claudinei e achei sua apreciação de uma clareza
meridiana, um dos pontos a necessidade de conhecer melhor seus jogadores. Essa
é necessidade urgente, base de uma escalação verdadeira, produtiva.
Marquinhos funciona
dentro da área, não é o armador que o Atlético precisa. Já achei que fosse,
incentivei, infelizmente não é, não por culpa sua, que fique bem claro. Se era
na base esqueça-se, é outro nível, outros adversários, outros companheiros.
Penso que o Claudinei está aprendendo o Atlético, vai ajustar posicionamentos,
perder os cabelos, ganhar uma gastrite braba, mas vai acertar, vai dar força ao
Furacão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário