sexta-feira, 19 de setembro de 2014

FORÇA AO FURACÃO

A partida está acabando, Marcos Guilherme vem marcar na lateral direita, a bola sai pelo lado e ele se abaixa, bufa com a língua de fora. O piá correu mais que coelho de desenho animado, voltou, marcou, atacou e conseguiu um chute entrando sobre Dedé, num dos poucos lances de ataque do Atlético.
Agora vou imaginar, só imaginar. O treinador chega para o menino, diz para ele vir buscar jogo, marcar pela lateral, chegar ao ataque para finalizar, e ele, mesmo sabendo que seu espaço é ali próximo da área, um atacante de terceira linha, julgando-se no dever de cumprir as determinações, balança a cabeça positivamente, cumpre, se estafa, e nada consegue.
É o problema de trabalhar com time jovem. Eles querem jogar, fazem tudo para jogar. Quando Zagalo disse ao Rivelino que o queria pela ponta esquerda em 70, o garoto do parque questionou o treinador, avisou que pela ponta o Edu e o Paulo Cesar Caju eram melhores do que ele, só entrava se pudesse jogar pelo meio, onde era o seu habitat natural. O Riva era um craque rodado, não é o caso do Marquinhos.
Ouvi com atenção a entrevista de fim de jogo de Claudinei e achei sua apreciação de uma clareza meridiana, um dos pontos a necessidade de conhecer melhor seus jogadores. Essa é necessidade urgente, base de uma escalação verdadeira, produtiva.
Marquinhos funciona dentro da área, não é o armador que o Atlético precisa. Já achei que fosse, incentivei, infelizmente não é, não por culpa sua, que fique bem claro. Se era na base esqueça-se, é outro nível, outros adversários, outros companheiros. Penso que o Claudinei está aprendendo o Atlético, vai ajustar posicionamentos, perder os cabelos, ganhar uma gastrite braba, mas vai acertar, vai dar força ao Furacão.

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