Um dia alguém passou por
mim e disse: “Precisamos de você na formação, temos que conversar”. Ficou no
sussurro. Pensando bem, acho que foi bom, apesar de que me faria muito bem
colaborar com o Furacão.
Foi muito bom porque eu
não teria paciência com empresários, em dois dias estaria fora, perdendo para
sempre o pouco conhecimento que prezo com o alguém que me atiçou a vontade.
Agora, se eu estivesse
lá, essa piazada ou daria um passe certo de cinco metros, acertaria um
cruzamento, ou ficaria depois do expediente, até o anoitecer, na escolinha, pagando
flexão e chutando bola na parede. Teria coragem, com dezoito anos iria à luta
de coração aberto, sem direito a desculpas pela meninice. Ou iria embora,
acabaria a carreira inexistente, não me restariam remorsos.
O futebol brasileiro
morreu na base, no berço, o 7 a 1 é culpa da formação, que não consegue
produzir armadores, cerceia criatividades, vive de olhos cegos para o bom futebol.
Não sou o inventor da tese, todo mundo sabe, é repetido todos os dias nas mesas
redondas, o amigo que está querendo desistir da arquibancada identifica a crise
a cada passe, a cada cabeceio, a cada finalização.
O Atlético que resolveu
apostar tudo na base é o exemplo maior, caminha a passos largos para o buraco,
vítima de seus erros, justificados pela falta de recursos ou não. O torcedor
não pode se afastar, tem tudo para isso, mas tem que ir a campo. É duro, é um
caminhar para o enfarte, os obstáculos são colocados a cada passo, mas tem que
ir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário