sexta-feira, 26 de setembro de 2014

TEM QUE IR

Um dia alguém passou por mim e disse: “Precisamos de você na formação, temos que conversar”. Ficou no sussurro. Pensando bem, acho que foi bom, apesar de que me faria muito bem colaborar com o Furacão.
Foi muito bom porque eu não teria paciência com empresários, em dois dias estaria fora, perdendo para sempre o pouco conhecimento que prezo com o alguém que me atiçou a vontade.
Agora, se eu estivesse lá, essa piazada ou daria um passe certo de cinco metros, acertaria um cruzamento, ou ficaria depois do expediente, até o anoitecer, na escolinha, pagando flexão e chutando bola na parede. Teria coragem, com dezoito anos iria à luta de coração aberto, sem direito a desculpas pela meninice. Ou iria embora, acabaria a carreira inexistente, não me restariam remorsos.
O futebol brasileiro morreu na base, no berço, o 7 a 1 é culpa da formação, que não consegue produzir armadores, cerceia criatividades, vive de olhos cegos para o bom futebol. Não sou o inventor da tese, todo mundo sabe, é repetido todos os dias nas mesas redondas, o amigo que está querendo desistir da arquibancada identifica a crise a cada passe, a cada cabeceio, a cada finalização.
O Atlético que resolveu apostar tudo na base é o exemplo maior, caminha a passos largos para o buraco, vítima de seus erros, justificados pela falta de recursos ou não. O torcedor não pode se afastar, tem tudo para isso, mas tem que ir a campo. É duro, é um caminhar para o enfarte, os obstáculos são colocados a cada passo, mas tem que ir.

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