terça-feira, 14 de junho de 2011

CRIANÇAS RUBRO-NEGRAS

A recente vitória do Vasco no Alto da Glória trouxe de novo às telas e às páginas dos jornais as imagens das crianças chorando, derrubando lágrimas sofridas com a perda do título da Copa do Brasil. O pessoal do coirmão é chegado ao choro convulsivo. Chora criança, chora véio, chora mocinha da cidade, chora moço bexiguento, chora todo mundo cantando a conhecida “coxa, eu te amo”, modinha renitente nas festas no arraiá do alvice-verde.
Nós rubro-negros somos incapazes de passar da fase da paixão ardorosa, para a do amor calmo e complacente. Somos apaixonados pelas cores da camisa, pelo time em campo, pela história que nos obrigou às dificuldades para nos brindar com o futuro radiante que apenas começou e durará para sempre. O nosso choro, se vier, será pelas vitórias, pois vencer é o nosso destino natural.
Por isso, o choro de Rafael Santos ao final da partida contra o Flamengo merece o meu respeito, mas não me comove. É apenas a comprovação mínima da sua reconhecida má fase, sabemos todos, alheia à sua vontade, antagônica ao seu empenho de jogador dedicado.
Reconhecer a má fase e persistir no trabalho é obrigação de Rafael. Encontrar novas opções para a defesa é compromisso de Adilson Batista. Adilson sabe melhor que todos nós, por que “jogou bola”, que atravessar o túnel e entrar em campo é momento psicológico cheio de expectativas, rodeado de temores, capaz de fazer o espírito forte amiudar. A pressão é grande demais para qualquer um, imaginem para o Rafael atingido por milhares de olhos receosos.
Adilson já colocou Paulo Baier no banco cumprindo sua missão de organizar um Atlético melhor, que consiga sair desta penúria de resultados. Introduziu Márcio no gol sem explicação convincente. Por que motivo deveria manter Rafael Santos? Por que sobrecarregaria Rafael com esse fardo, deixaria um povo em apreensão, colocaria em risco pontos imprescindíveis, macularia sua carreira no clube que o apresentou ao mundo?
Eu sei que o amigo dirá que Rafael não é o único e estará certo. O problema é que se o atacante erra, o placar continua mudo. Quando o zagueiro erra grosseiramente, impedindo o socorro companheiro, os números se alteram em favor do adversário. Nos jogos em que os detalhes mais insignificantes ditam a história, a defesa tem que ser muralha poderosa, os erros inadmissíveis
Adilson diz que “não adianta tirar depois de uma falha”. E depois de duas de afundar Titanic? Vai esperar pela terceira? Vai deixar de ser cabeça dura para ser irresponsável? Adilson, sempre em constante aprendizado, deve entender que no futebol o sucesso do grupo prevalece sobre o do indivíduo. O grupo é o mais importante, joga o melhor.
Ou Fabrício é pior que Rafael Santos? Então, por que contrataram?
Eu sei que as sinceras lágrimas de Rafael são comoventes, incomodam. O que me incomoda é o erro cansativo, a incerteza do futuro, a possibilidade da perda dos milhões de patrocínio, e, muito mais que isso, o que me revolta e grita por mudanças é a chance de um dia assistir enraivecido, fruto de um pai fraco e complacente, o choro das crianças rubro-negras.

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