segunda-feira, 27 de junho de 2011

UMA BOA HORA

Quinta-feira, o Atlético deverá ter um novo técnico nas arquibancadas do Engenhão, ou já no banco de reservas. Os comandantes rubro-negros passaram o fim de semana no telefone. A lista de consultados é extensa. Dunga, o uruguaio Aguirre, Cuca, Celso Roth e até Nelsinho Batista receberam ligações do Ibiapina. O ex-técnico da seleção já disse não. Os outros devem ter colocado suas exigências e aguardam a chamada definitiva.
No desespero, a diretoria rubro-negra pode estar esquecendo parâmetros importantes para a contratação do novo treinador. A meu ver são muitos.
Começa pelo conhecimento do time do Atlético e seus jogadores. Entender as razões do desastre, identificar atletas candidatos ao afastamento, perceber as falhas existentes em todos os setores são informações fundamentais para começo afastado de tentativas, cansados já estamos de tantos testes sem qualquer proveito. O homem que chega tem que trazer de casa seu time escalado, impossível chegar para conversar, ter período disponível para observações. Neste caso, o técnico estrangeiro é o menos indicado.
Ser alguém reconhecido pelos jogadores, ter alguma história, comando. Notória liderança facilitará sua aceitação e tornará mais palatáveis as várias medidas obrigatórias a tomar. O jogador não pode ter dúvidas sobre a competência do novo comandante, sobre sua ética, sobre a seriedade de seu trabalho, sem discriminações antecipadas, deve ter certeza de que o melhor jogará. O histórico de Nelsinho com Paulo Baier pode dificultar seu início no Furacão, algo acontecido com Adilson, Guerron e Madson.  
Deve estar disposto a trabalhar com um grupo de jogadores com a autoestima baixíssima, não apenas pela campanha desenvolvida pela equipe, mas, também, pela grande quantidade de atletas, com algum nome, relegados a segundo plano em seus clubes de origem, tentando sobreviver no Atlético. Cleber Santana, Kleberson e Madson hoje são sombras de seus passados. Fazê-los jogar em alto nível é um desafio para o professor que chega.
Reconhecer no time de 2010 qualidades e entender serem os remanescentes daquela equipe o primeiro rascunho do grupo a formar tem lá sua importância. O ano foi sofrido, os resultados parciais mínimos, o resultado final exuberante. Algo de bom deve ter restado.
Ter no currículo trabalhos que demonstrem eficiência no curto prazo, se não foi cogitado, é erro grave. O Atlético precisa hoje de um técnico de start rápido. Chegar, estabelecer um padrão de jogo que privilegie os melhores, motivá-los e conseguir o mais breve possível as vitórias para o abandono da zona do rebaixamento é o objetivo imediato. Para isso, afastar os totalmente incapazes é necessidade imperiosa. Insistir no erro é passo para o abismo.
Colocar em primeiro plano o jogo coletivo, saber agrupar jogadores em ações laterais de ataque, dinamizar a chegada dos homens de meio campo dentro da área, agilizar a recuperação defensiva, entender a importância da marcação individual sobre referências adversárias é o beabá do treinador, infelizmente em desuso no rubro-negro. Somos o time do cada um por si, do toma e resolva, coberturas para quê?
Enfim, há muito trabalho a fazer, muita liderança a exercer. Liderança e ética. Talvez esses sejam os pontos capitais da escolha. Aos dirigentes rubro-negros, ao gerar o novo treinador, que tenham uma boa hora.

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