sábado, 4 de junho de 2011

VAMOS PRECISAR

Pedrinho escreveu os nomes dos jogadores atleticanos em pequenos pedaços de papel e começou a escalar seu time para o jogo com o Palmeiras. A rápida orientação dada pelo pai, ainda em pânico com a conta do cartão do crédito, resumiu-se a dois aspectos: jogam os melhores e o ataque é a melhor defesa.
O menino, mais esperto em processo decisório que a turma do Malucelli, tratou logo de separar seus jogadores de maior competência. No canto direito da mesa alinhou Paulo Baier, Guerron, Branquinho, Madson e Cleber Santana. No meio do tabuado, ótimo para o jogo de botões, separou os atacantes. Lá se foram Adailton e Nieto.
Sobraram Deivid, Renan Rocha, Rômulo, Wagner Diniz, Manoel, Rafael Santos, Fabrício, Paulinho e Marcelo Oliveira, que separou por posições no lado esquerdo. O pai, coçando a careca, avançando mais rápida que onda de tsunami, chegou para acompanhar o trabalho.
– E aí? Você sabe que o Guerron sentiu a dor da despedida. Deve estar fora do jogo, procurando o passaporte para a Rússia –, disse o velho.
– Vou começar pela defesa – respondeu o “professor” descartando o papelote da Dinamita. – O goleiro é o Renan Rocha, não tem por que mudar. – O pai ergueu as sobrancelhas e o Joãozinho ficou sem saber se ele aprovava ou não.
 – Os quatro da defesa são Rômulo, Manoel, Fabrício e Paulinho.  
– Por que Fabrício? – perguntou o auxiliar técnico interessado.
– Primeiro, eu gosto do senhor e não quero vê-lo perder os últimos cabelos. Segundo, Fabrício jogou no Palmeiras ano passado e deve conhecer todos os atacantes do time. Vai orientar a defesa – O pai gostou.
 – Tem que colocar mais gente para defender, você sabe que o Palmeiras vai sair para matar e tem o Kleber que é fera. 
– O Kleber vai ser marcado pelo Deivid. – Lá se foi o papelzinho do prata da casa para a frente dos quatro defensores. – Agora começam a valer as suas dicas –, disse o menino de olho nos seus melhores no corner direito da mesa. – Cleber Santana é o outro volante, vai ajudar na saída de bola. – Contou sete nomes, ainda faltavam quatro. – Quero dois na armação e dois no ataque. Tenho cinco para escalar quatro. O que é que eu faço?
– Quais são os cinco?
– O Paulo, o Adailton, o Nieto, o Madson e o Branquinho.
– Desses cinco dois são os atacantes que você quer escalar, o Nieto e o Adailton. – Adailton foi para a direita e Nieto para o meio da mesa. – E agora! Decida menino. – Empurrou o pai.
– Vou ficar com o Baier e o Branquinho, o Madson entra no segundo tempo. Vamos defender com todos atrás da linha da bola, sem fazer falta, e atacar com Baier, Adailton, Nieto, Branquinho, Cleber Santana e um dos laterais. Tá bom? – Virou-se para o pai esperando um abraço carinhoso.
– Se está bom, quem pode saber? Mas eu gostei. - Avançou o velho, o braço amigo sobre os ombros do Mourinho da casa - O time tem defensores e atacantes de forma equilibrada, os seus melhores estão em campo, você guardou um bom reserva para o segundo tempo e tem um monte de defensores para ir entrando caso deseje segurar o resultado. Vamos a uma última pergunta. O que será mais importante neste jogo?
– A posse de bola – respondeu Pedrinho, certo da nota dez.
Como o Pedrinho, cada torcedor tem seus melhores, seu esquema, seu time de preferência, um fator decisivo a dominar.  O pai de Pedrinho poderia bombardear o filhote com perguntas as mais variadas, saber como o Atlético do menino reagiria às ações esperadas do Palmeiras de Felipão. Adilson deve ter seu time, um reflexo de seu estudo cuidadoso do adversário.
Para ele, para o Pedrinho, para o time da mocinha da arquibancada e para todos nós, boa sorte. Vamos precisar.

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