terça-feira, 7 de junho de 2011

PET BAIER

Domingo foi dia de despedida no Flamengo. Petkovic deu adeus aos gramados com direito a festa no Engenhão, mosaico com as cores das bandeiras da Sérvia e do Flamengo, placa, beijinho da presidente, chuva de papel picado. Tudo muito emocionante, menos para o gringo carioca. Pelo menos não deixou transparecer. O camisa 10 queria jogo.

E assim foi. Jogou quarenta e cinco minutos com intensidade. Correu, procurou espaços, fez passe importante, bateu escanteios, foi jogador produtivo a ponto do comentarista achar que, aos 38 anos, ainda tem futebol para compor elenco. Eu também achei. Enquanto jogou, teve atuação impressionante.

Na derradeira entrevista, antes das últimas homenagens, perguntado se poderia continuar na segunda fase, respondeu não ter condições para seguir no mesmo ritmo. Seria difícil. O mesmo acontece com o ídolo Paulo Baier. O capitão rubro-negro está próximo da merecida aposentadoria, após anos de bons serviços prestados a muitos times brasileiros, em especial ao nosso Atlético Paranaense.

Baier nos salvou do rebaixamento e nos levou muito mais longe do que poderíamos imaginar em 2010 com sua eficiente batida na bola. O Atlético não faz festa para ninguém, é time sem memória, no máximo permite que o ídolo dê uma voltinha no gramado, vá até a Fanáticos, receba o aplauso do torcedor e pronto. Ao final do seu contrato, Baier merece essa voltinha da vitória.

O problema está em encaminhar os últimos quinze minutos da bela carreira.

Hoje, claro está que o capitão dosa energias durante a partida. Sem poder de choque para dominar, receber o tranco e sair do marcador, Baier passou a jogar um toque, tentando com a fina habilidade deixar companheiro livre no setor de ataque. Até poderia dar certo, se o Atlético tivesse algum entrosamento.

Sempre marcado, prova da sua competência, sem liberdade para conduzir a bola de frente para o gol e então usar seu passe preciso, fica limitado à bola parada, o que é muito pouco para o futebol atual. Para ser claro, Baier não consegue jogar com intensidade, chamar o jogo, ganhar divididas, partir em velocidade para o ataque, obrigar o adversário à falta, chegar na área para concluir, ser mais um dentro de campo. Não é culpa sua, o tempo passa para todos.

Como o Pet, Baier não consegue jogar intensamente os noventa minutos, mas pode, muito bem, jogar quarenta e cinco, sessenta, desde que não exista a preocupação em dosar esforços, a certeza da substituição lhe possibilite atuar em nível de competição enquanto permanecer no palco. Com os atuais avanços na medicina esportiva, pode-se chegar com facilidade ao tempo de rendimento ótimo possível para o capitão.

Pode ser difícil admitir. Quem quer parar de jogar bola? O Ronaldo que hoje se despede da seleção admitiu ser vencido pelo corpo. É assim para todos. Baier pode se considerar um privilegiado, foi mais longe que a expressiva maioria, cabe fechar o ciclo com o brilho característico da carreira impecável.

Baier pode ainda nos dar momentos de muita lucidez e alegria. Pode liderar os mais jovens, dar exemplo a todos que o rodeiam. Tem que ser realista, fazer o que pode e sabe, ainda em alto nível. Ser o que todos nós queremos e admiramos. Enquanto calçar chuteiras, um jogador à altura da sua história, um Pet Baier.

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