Enclausurado em minha impaciência, a janela minúscula do meu cárcere se abriu e recebi celular com o texto de menina, moça, ou senhora, perdi a autoria, enaltecendo a atuação dos jogadores, confortando-os, lembrando a alegria de ser brasileiro, uma dessas conjunções de palavras tão bem urdidas que te levam a pensar se você não está na contramão da história, se tuas críticas não foram longe demais.
Primeiro, parabéns à escritora, faça-se justiça ao relato precioso. Penso que alguém tem que optar por essa linha mãezona, comovente, pegar a bandeira naufragada em luto e agitá-la como em dia de festa nacional, velar o morto de desmazelada vida com pagode e bebidinhas.
Segundo, é canto que não me alcança. O Brasil que conheço e que entendo grande já passou do berço onde adormecido necessitava do acalanto da mucama dócil a incentivar-lhe os gestos, generosa com seus erros e fracassos.
A derrota histórica para a Alemanha, mesmo considerando-se todas as surpresas que o futebol impõe, é impossível passar sem crítica severa, que atinja mesmo os jogadores, afinal, são eles que atacam e defendem, que recebem ordens e aceitam, são violentados e cedem.
Se tudo está bem, quem sabe a CBF deva reclamar ao Tribunal de Haia, recorrer da violência alemã, insistir no maltrato, na desnecessidade do placar humilhante, pedir a criação de lei que proíba novos atos dessa magnitude vexatória, puxar para si a autoria dessa lei, dar nome a ela, ser pai da lei Brasil coitadinho.
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