segunda-feira, 7 de julho de 2014

PODIA TER FALADO MAIS

Era uma vez 1982, o Atlético tinha João de Oliveira Franco Neto, um atleticano de berço, como Diretor de Futebol, rubro-negro tão especial, tão competente que formou o melhor Furacão que vi jogar em minha extensa carreira de torcedor.

Além de Roberto Costa, Rafael, Detti, Jorge Luís, Bianchi, Lino, Sergio Moura, Nivaldo e Capitão, trouxe Washington e Assis. Foi um Atlético diferente, de boas contratações que vieram, viram e venceram. A partida final do Paranaense, quatro a um contra o Colorado, foi uma delícia, jogo para dois pães com bife, cervejas à vontade, papo fácil, risadas soltas, no final, faixas para todos.

Esse time chegaria ao terceiro lugar na Taça Ouro em 1983 vencendo o Flamengo do Zico em Curitiba, faltou apenas um gol para irmos à final. O papo do vestiário matou a equipe que já vencia por dois a zero, contam-se lendas e lendas a respeito desses quinze minutos fatais.

Lembro com carinho desse time espetacular, das defesas de Roberto Costa, da raça do Detti, do pensador Lino, dos goleadores Washington e Assis, Assis que ontem nos deixou.

Assis era um desses craques delicados com a bola, matadas doces como caramelo, passes pitagóricos, cabeçadas a laser, finalizações a míssil, dava para ir a campo só para vê-lo jogar, no tempo em que os craques podiam jogar, o futebol trambolhão ainda não fora inventado.

Um dia entre gôndolas de supermercado encontrei Assis. Não tive dúvidas, me aproximei como volante de categoria, diminui o espaço, cumprimentei e agradeci pelas alegrias imensas que ele me proporcionou.

Podia ter falado mais, elogiado seu futebol, lembrado o gol que fez nos coxas lá do meio do campo, mas sou desses que acha que está incomodando, dado o recado, faço meia volta e bato em retirada. Quando soube da morte prematura do craque senti um arrependimento. Podia ter falado mais.

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