domingo, 13 de julho de 2014

PARECE NÃO TER FIM

Eram H+2 quando o tsunami bateu na praia e as baratas tontas assumiram comportamentos ziguezagueantes no Mané Garrincha. Pobre Mané, se lhe foi dada a oportunidade de assistir o vaguear das baratas deve ter ficado com aquela cara triste de suas últimas fotos em preto e branco. Os bons guias de luz devem tê-lo poupado do espetáculo deprimente.

Nem os bons anjos da guarda puderam poupar as crianças, aquelas que pediam para os jogadores ganharem a Copa para elas. Nossas baratas colocaram os pequeninos para chorar mais cedo, em poucos minutos os pimpolhos já estavam borrando a maquiagem. Um pecado.

Os críticos de última hora tem que rever suas falas e escritos. O time não andava com o Mano, Felipão assumiu, ganhou a Copa das Confederações, todos passamos a acreditar na estrela do treinador, no fundo sabíamos que nossos jogadores tinham pouco brilho, reservas em times europeus, até Neymar questionado no Barcelona.  

Era o que tinha, ninguém reclamou do Fred, do Jô, de um CT milionário construído dentro de condomínio, da ausência de treinamentos, ficamos quietos esperando o estouro, explodiu, agora aqueles com cacife para gritar são também responsáveis, a crítica tardia soa como tiro no pé, mesmo impossível adivinhar que seleção brasileira pudesse se transformar em time de colégio.

O que era para ser um sonho bom virou pesadelo daqueles que a gente não consegue acordar, ninguém aparece para nos tirar da angústia, o coração vai diminuindo, o ar desaparece, a agonia parece não ter fim. O terceiro gol holandês nos sacudiu do transe e nos descobrimos com a cara tensa de pavor, deprimidos, procurando um significado para a maré negra que invadiu nosso futebol.

O tsunami varreu a família do mapa, agora pai e filhos têm que contabilizar os ganhos com propagandas, verificar se tudo foi pago direitinho, voltar a seus clubes na Europa, ativos financeiros em alta, futebol em baixa, crédito perdido, nossas promessas terão que adiar seus sonhos mundo afora, ou contentar-se com troco de passagem.

O estrago foi grande, degrau profundo do declinante futebol nacional, escada íngreme que parece não ter fim.

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