quarta-feira, 23 de julho de 2014

UM FIM DE DOMINGO QUALQUER

Dunga voltou à seleção. Do pouco que vi e ouvi – já perdi a paciência com retornos de treinadores, à exceção do Telê/82 todos vieram de vitória e não deram certo –, percebi aquele mesmo papo rançoso, o tal do “tem que deixar trabalhar”, nada mais que um “não vamos jogar pedra, é futebol, tudo pode acontecer, vai lá dá certo”.

Eu não tenho dúvidas, a contratação de Dunga é a pá de cal lançada irresponsavelmente sobre a história gloriosa que nos rendeu o penta. “Qual o motivo para tanto drama?”, pergunta o amigo.

Primeiro, o óbvio. Dunga não é treinador de primeira linha. Ou alguém acha que é? Nem tem experiência como treinador. Ou alguém acha que passagem pela seleção brasileira e alguns meses no comando do Colorado dão bagagem a alguém para tocar a Canarinho? Claro que não.

Treinador tem que estar em contato com o jogo, vivenciar múltiplas situações, perder e ganhar, acertar e errar, ler o jogo, associar com eventos passados e dar solução correta aos problemas, treinador não ganha no grito, não tira coelhos da cartola. Dunga pode ter vivência de jogador, como treinador é só um recruta com amizades no momento importantes.

Segundo, o Brasil não tem jogadores que possam carregar nas costas comandante de segunda linha. Assim, o treinador passa a ter importância capital, tem que convocar bem, treinar muito, ter ótimo conhecimento dos adversários, montar esquema que atenda a múltiplos antagonistas, ler o jogo como ninguém, mexer no time como general em batalha.

Dunga não ganha nota sete em qualquer dos quesitos e, certamente, não terá tempo para treinar muito. O único fator para tê-lo como treinador seria julgá-lo o único dos homens com capacidade de afastar a Globo do ambiente da seleção, impondo à rede de TV culpa pelo 7 a 1, pelo 3 a 0, pela humilhação toda. Outra estupidez. Assim, encho a mão de terra e jogo sobre o caixão da nossa seleção, não sobre nosso futebol imortal.

Nossos dirigentes não conseguem impedir o surgimento de um craque, o bom gerenciamento de um clube, a paixão do torcedor por outras cores alheias ao verde e amarelo. Os pais do vexame podem nos levar ao abandono da seleção, ela já era quase um apêndice, não podem tirar de nós o prazer de um fim de domingo qualquer.

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