Esperei, esperei e nada. Estava pronto para ir embora com as minhas dúvidas quando a voz pigarreou e começou a responder. Disse ela.
– Na disputa entre alvinegros, entre a luta pelos louros da vitória ameaçada por quedas recentes e a fuga da ruína ameaçadora, o calor dos contendores levará o resultado para a desolação de ambas as torcidas.
Novo silêncio. Concluo pelo empate entre Botafogo e Ponte Preta. Nada mal. Estou me animando com a voz vinda das rochas vaporosas.
– No duelo das três cores, o por do sol oscilará minuto a minuto entre o azul profundo e o vermelho intenso, e a noite cairá trazendo pouca esperança para os guerreiros, a incerteza para os santos.
Emudece novamente a voz soturna dentro da gruta imensa. Penso, repenso e concluo pelo empate entre São Paulo e Grêmio. Ótimo resultado, o Grêmio não avança, o São Paulo fica onde merece. Vamos, vamos, fala sobre o Cruzeiro, fala sobre o destino do campeonato.
– Na luta ao cair da noite, as estrelas tudo tentarão para espalhar suas luzes, mas não vingarão sobre o rumo que apontam, a mágica da carapuça fará acontecer o impossível, no jogo da bola vencer quem tem uma perna só.
Ai, ai, ai... Vai dar Saci. Só falta a abençoada dizer que o Atlético vai ganhar. A demora se alonga, começo a ficar preocupado. Penso ter ouvido uma moeda cair sobre o solo pedregoso.
– No choque entre a tormenta e o leão, os deuses da bola decidiram agora, a vitória abandonará aquele que lhe roubou o nome, será do Furacão.
Venceremos, pulamos para o segundo lugar, só a seis pontinhos da Raposa. Agradeço e estou saindo quando resolvo perguntar pela sorte dos coirmãos.
– Por favor – indago humildemente. – E Paraná e Coritiba terão melhor sorte neste fim de semana.
– Posso te dizer uma coisa? – fala a voz entediada, como se respondendo a pergunta que todos soubessem a resposta.
– Claro – digo eu, já arrependido da pergunta.
– Torcer pelo Furacão é muito melhor.
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