quinta-feira, 27 de novembro de 2014

MUITO CHATO

Abro o site e vejo a notícia sobre a abertura da venda dos ingressos. Espio e encontro lá os preços de sempre. Fiquei decepcionado. Sem qualquer motivo ou sinal, imaginei que poderíamos ter preços mais baixos para este último jogo, alentadores da presença maciça de rubro-negros, tornando partida sem qualquer atrativo celebração de ano de tantas conquistas.
Não gosto de criticar. Olho pela janela e vejo o teto retrátil em instalação, sei da trabalheira que deve dar, sei dos tantos problemas enfrentados pela diretoria neste ano. Volto aos meus tempos de menino, lembro o velho morador ao lado do meu campo de pelada pegando a bola que caía no seu quintal e, vencedor, dizendo: “Quem não trabalha não estrova”.
Íamos todos para casa, a bola só voltava no dia seguinte, pelas mãos da dona Mindoca, mulher de bom coração. Eu até que entendia o velho, ele estava lá sossegado ouvindo rádio e a bola estourava na sua parede. Entendia, mas o achava um chato de galocha.
Penso entender essa política de preços altos, tentativa até agora frustrada de aumentar o número de sócios. Confesso que com essas rendas milionárias acontecendo pelo país, tenho dúvida se um grande quadro associativo nos moldes configurados pelo Atlético é boa solução.
A final de ontem rendeu para o Cruzeiro 7,9 milhões para um público de 39800 pagantes. O ingresso mais barato para sócio – a Raposa cobra o ingresso do sócio – custou 140 reais. O time estrelado ainda conta com a arrecadação mensal dos seus 70 mil associados. Deve ser outra bolada. Imagino que com 40 mil sócios o Atlético venha a ter por mês uma renda de 10 milhões. Um caso para sentar e fazer contas. Com calma.
Pensativo, fazendo contas, comparando, especulando, vou remoendo a minha frustração. Sei que vou voltar da praia no domingo para encontrar o templo vazio. Eu até entendo, mas acho muito chato.

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